Temas como linhas de fuga
ou
Trazendo a ontologia para o campo das proposições
Uma proposição se torna fato ou ficção como decorrência do que os coletivos fazem com ela! (ensinamento dos Estudos CTS)
Até agosto de 2007 os que pretendiam participar tiveram oportunidade de enviar temas – frases chaves – ao congresso, sem orientação ou restrição disciplinar prévia. Todas as sugestões foram incluídas (algumas pessoas sugeriram exatamente o mesmo tema). Daí resultou a lista de 117 temas que foi colocada no site de construção do evento.
Recebemos até outubro 470 resumos expandidos e cada resumo veio acompanhado em seu título de 3 a 6 temas que o/a próprio/a autor/a relacionou com sua proposta de trabalho. De forma análoga cada integrante do Comitê Científico enviou de 6 a 12 temas pelos quais se interessava e mais, junto com o seu parecer sobre cada resumo, indicou seu interesse por atuar como mediador do trabalho resultante, caso o resumo em questão fosse selecionado para apresentação no VII Esocite 2008. Resultou a seleção de 313 resumos expandidos orientada pelo casamento de temas de interesse da proposta e dos pareceristas do Comitê Científico, além dos critérios que apareceram no formulário de avaliação em dezembro de 2007.
Dos 313 resumos expandidos selecionados, recebemos 228 textos de trabalho completos para apresentação no VII Esocite até o dia 9 de maio de 2008. A partir daí 43 sessões foram montadas da seguinte forma: destacada uma integrante do Comitê Científico, se ela apontou trabalhos preferidos, começamos procurando satisfazer pelo menos em parte suas escolhas, e isto foi feito em praticamente todos os casos. Mas em continuação procuramos também indicar para ela um ou mais dos (cerca de 100) trabalhos que não haviam sido indicados como preferido por ninguém no Comitê Científico. Esgotado o Comitê Científico (43 pessoas do Comitê Científico que atuam como mediadores de sessão – uma sessão por pessoa) convidamos outras pessoas para mediar as demais sessões (são 57 ao todo) e fizemos alocações baseadas em uma lista de 6 a 12 temas que nos enviaram ou, quando não houve tempo para isto, as escolhas foram baseadas nos temas dos trabalhos que estas próprias pessoas haviam apresentado ao VII Esocite.
Por que explicar isto e entrar em todos estes detalhes? Porque assim fica exposta a materialidade do processo que usamos para que os temas servissem de linhas de fuga das grades disciplinares. Isto traz a ontologia do conhecimento criado no VII Esocite para o campo das proposições, e portanto traz a oportunidade de localizar ou situar conhecimentos que circulam nas redes da tecnociência nos espaços/tempos/coletivos diversos da América Latina.
Dito de outra forma, a organização do VII ESOCITE não seguiu o tradicional formato de sessões por classificações ou categorias consagradas (tais como política, educação, nanotecnologia, etc). Propomos a busca de, quem sabe, novas categorias para construir-enxergar nossas próprias especificidades latino-americanas e ibéricas. O resultado esperado é uma organização fracamente estruturada que, se pode ser vista como desvantajosa por justapor nas sessões artigos que se agrupariam de outra forma à luz das categorias já estabelecidas e consagradas, tem a vantagem de conceder uma oportunidade à entrada em cena de novos vínculos, hoje fracos, mas que podem propiciar conexões mais produtivas para nossos coletivos do que aquelas que se conformam às fronteiras temáticas e disciplinares consagradas, geralmente produzidas e mantidas como esforço predominante de coletivos de outras partes do mundo.
Em suma, trata-se de um experimento, a saber, o de realizar um encontro que seja um dispositivo de exploração e produção de conexões novas e, portanto, com maior chance de se agruparem em novas categorias, mais produtivas para nossos coletivos. De qualquer forma, entendemos que encontros fora das sessões propostas para explorar vínculos não contemplados por elas, inclusive aqueles articulados pelas categorias mais tradicionais, também podem contribuir para a produção de vínculos produtivos entre nós.
Finalmente, lembramos a dinâmica básica para cada sessão, proposta desde o início no site www.cos.ufrj.br/esocite2008: vinte minutos para cada artigo a ser apresentado, perfazendo um total de oitenta minutos, seguindo-se uma apresentação do mediador da sessão de vinte minutos, na qual sugerimos que ela/e aborde os quatro artigos, procurando especialmente analisar os vínculos entre eles. Os vinte minutos finais são previstos para a audiência presente à sessão. Cada sessão terá à sua disposição computador e equipamento de projeção.